GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. São Paulo: Vida Nova, 1999. Capítulo 47 – O Governo da Igreja. p. 758-800.
INTRODUÇÃO
As igrejas atualmente têm muitas formas de governo. A Igreja Católica Romana tem um governo mundial sob autoridade do papa. As igrejas episcopais têm bispos com autoridade regional e, acima deles, arcebispos. As igrejas presbiterianas dão autoridade regional aos presbitérios e autoridade nacional aos concílios. Todavia, as igrejas batistas e muitas outras igrejas independentes não têm uma autoridade oficial de governo além da congregação local, e a filiação a outras denominações é voluntária.
Nas igrejas locais os batistas geralmente têm um único pastor com um grupo de diáconos, mas algumas têm também um grupo de presbíteros, já os presbiterianos têm um grupo de presbíteros, e os episcopais, uma comissão de leigos. Outras igrejas têm apenas um conselho paroquial.
A questão é: Há um padrão neotestamentário de governo para a igreja? Há uma forma de governo que deve ser preferida a outra?
O certo é que a forma de governo da igreja não é uma doutrina central como: a trindade, a divindade de Cristo, a expiação vicária ou a autoridade das escrituras. Por outro lado esse também não é um assunto que deve passar despercebido.
Sabe-se que há no Novo Testamento regras para alguns aspectos para o governo da igreja, dessa forma fica claro que então haverá conseqüências negativas para o desrespeito e descumprimento das regras. O que se deve procurar, portanto são atitudes que levem a igreja a ser mais pura.
Este estudo propõe compreender com base bíblica o papel dos oficiais da igreja, especialmente o apóstolo, o presbítero e o diácono.
FORMAS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO
As formas de governo da igreja podem ser divididas em três grandes categorias: “episcopal”, “presbiteriana” e “congregacional”.
As formas episcopais têm um governo exercido por uma categoria distinta de oficiais da igreja considerada um sacerdócio, e a autoridade final para a tomada de decisões encontra-se fora da igreja local. O sistema da Igreja Episcopal é o principal representante desse tipo de governo entre os protestantes.
As formas presbiterianas têm um governo de presbíteros, alguns dos quais têm autoridade não só sobre suas congregações locais, mas também, através do presbitério e da assembléia geral, sobre todas as igrejas de uma região e, daí, na denominação como um todo.
Todas as formas congregacionais de governo da igreja têm uma autoridade final baseada na congregação local, embora se percam vários graus de independência através da filiação denominacional e a forma real de governo possa variar consideravelmente.
Sempre, na história das controvérsias cristãs, houve um luta para saber qual era o modelo de governo eclesiástico mais bíblico. O fato é que todos os modelos de governos eclesiásticos (congregacional, episcopal e presbiteriano) se baseiam no Novo Testamento. O episcopal concede o poder para o seu pastor ou bispo, o presbiteriano concede poder aos presbíteros da igreja e o congregacional concede poder aos seus membros ou a um conselho de irmãos reunidos.
Há tentações em todos os modelos. O episcopal pode concentrar um poder tão grande na mão do pastor, que ele se torna uma pessoa acima da crítica e não presta contas à igreja. O presbiteriano pode criar uma elite dentro da congregação ou denominação, pois um pequeno grupo decide sobre os demais. O congregacional pode minar a autoridade do pastor local. Portanto, torna-se difícil definir um modelo eclesiástico mais bíblico, pois todos possuem pontos fortes e fracos.
O QUE SÃO OFICIAIS DA IGREJA?
Um oficial da igreja é alguém publicamente reconhecido como detentor do direito e da responsabilidade de desempenhar certas funções para o benefício de toda a igreja.
Pode-se dizer que esses oficiais são pessoas que foram empossadas ou ordenadas com reconhecimento público para exercerem suas funções como o caso de presbítero, diácono, pastor, tesoureiro, secretário, etc.
Por outro lado existem pessoas que exercem dons nas igrejas e estas não necessitam de reconhecimento público oficial, por exemplo dom de “socorros” (1Co 12.28), dom de “discernir espíritos” (1Co 12.10), dom de “exortação” ou “contribuição” (Rm 12.8).
1.1 As qualificações de um apóstolo. As duas qualificações de um apóstolo eram: (1) ter visto Jesus Cristo após a ressurreição e (2) ter sido especialmente comissionado por Cristo como seu apóstolo. Ver (1Co 15.7-9) e (Mt 10.1-7).
2.1 Outros títulos dos presbíteros: pastores ou bispos. Em Efésios 4.11, Paulo escreve: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres”. O versículo provavelmente seria mais bem traduzido por “pastores-mestres” (um grupo) e não “pastores e mestres” (dois grupos) a associação com o ensino sugere que esses pastores eram presbíteros que se encarregavam do ensino, já que este é um dos requisitos do presbítero “aptos para ensinar” (1Tm 3.12).
2.2 Os bispos. Em 1Timóteo 3.1-2, Paulo escreve: “se alguém aspira o episcopado, excelente obra almeja. É necessário, portanto que o bispo seja irrepreensível...” deve-se lembrar que Paulo está escrevendo a Timóteo que está em Éfeso e que conforme Atos 20 já haviam presbíteros ali, de modo que as mesmas atribuições bem como recomendações para um presbítero eram também para um bispo. Assim parece que “bispo” é simplesmente outro termo sinônimo de “presbítero”.
2.3 As funções dos presbíteros. Uma das principais funções dos presbíteros é dirigir as igrejas do Novo Testamento. Em 1Timóteo 5.17 lê-se: “Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem”. Pedro também indica a função de liderança para os presbíteros quando os exorta (1Pe 5.2-5).
2.4 Qualificações dos presbíteros. Paulo lista as qualificações dos presbíteros (1Tm 3.2-7). Qualificações semelhantes, mas expressas em outras palavras, aparecem em (Tt 1.6-9)
1.1 Suas funções. As qualificações sugerem algumas funções. Por exemplo, cuidado com as finanças da igreja, funções administrativas já que teriam que governar bem suas casas e seus filhos, atentar-se para as necessidades físicas da igreja ou comunidade e com suas esposas deveriam estar envolvidos em visitação de porta em porta e em aconselhamento, etc.
O PRESBÍTERO NA ASSEMBLEIA DE DEUS
A palavra presbítero ou ancião, deriva da palavra grega presbúteros, e significa “um homem idoso”, isso porque entre os gregos como também entre os hebreus os homens de idade avançada sempre mereciam maior honra e respeito e também eram considerados mais sábios.
Na “Assembleia de Deus” no Brasil, a palavra presbítero veio a ter um sentido diferente daquele que a Bíblia usa, servindo para designar a classe de obreiros mais achegada ao pastor. Deve-se salientar, porém, que uma das possíveis causas da consagração dessa ordem de obreiros está ligada ao fato da centralização da administração das igrejas no Brasil, configurada em grandes campos de trabalhos, administrados muitas vezes por um só pastor, necessitando assim, da designação desses obreiros.
Na prática, o presbítero exerce as mesmas atividades do pastor. Assim, ele pode batizar, celebrar casamentos, santa ceia, dirigir cultos fúnebres, ungir os enfermos, dirigir congregações, etc.
É importante que o presbítero tenha sempre em mente que: